quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Estamos juntos

E chegou ao fim.
Parece ser uma coisa própria dos sonhos: demoramos muito tempo a sonhá-los e, quando finalmente se realizam, passam a voar. Parece que ainda ontem estávamos no aeroporto Francisco Sá Carneiro, com uma fila de gente a acenar-nos com a mão e a enviar-nos em Missão.
Agora, de bagagens praticamente feitas (estas não demoraram nem um quinto do tempo a fazer, porque desta vez vão praticamente vazias), estamos a preparar-nos para regressar.
Foi muito bom. Agora que tento pô-lo em palavras (eu que gosto tanto de tentar meter coisas dentro de palavras), não consigo muito bem. Acho que o único sentimento capaz de traduzir aquilo que trazemos connosco depois destes 25 dias é a gratidão.
Sentimo-nos profundamente agradecidos pelo carinho com que fomos recebidos nesta terra logo desde o primeiro dia. Às nossas manas, Ir. Alice, Ir. Judite, Ir. Margarida e Ir. Maria Amor, o nosso grande Obrigada por terem feito da sua casa a nossa, e por terem olhado por nós com um cuidado excecional.
Aos companheiros do MEL Angola, outro grande abraço de gratidão pelo acolhimento, por nos tratarem como autênticos irmãos. Obrigada também por nos levarem a conhecer outros lugares fora dos “campos de Missão” e por nos darem uma perspetiva mais completa daquilo que é a vossa terra.
Às comunidades da paróquia de São Pedro Apóstolo (Centro Paroquial S. Pedro, Centro do Espírito Santo, Centro de S. Paulo), da paróquia de Nossa Senhora da Paz e aos seminaristas Espiritanos de Malanje, agradecemos o espírito vivo com que vivem a sua fé. Foi muito enriquecedor poder saborear Eucaristias que são verdadeiras Festas de Corações Agradecidos, onde a música e a dança expressam a Alegria e a Esperança que tão bem vivem. Celebrar com uma comunidade de irmãos sem horas marcadas para voltarmos aos nossos afazeres é no mínimo vivificante.
Aos líderes e mamãs da Pastoral da Criança, outro grande abraço de incentivo pelo trabalho que desenvolvem. É bom saber que onde há dificuldades há também uma grande entreajuda, um espírito de gratuidade incrível. Agradecemos também os miminhos que nos foram dando a cada trabalho que desenvolvíamos em conjunto. Nesses gestos simples é possível ver a generosidade e a autenticidade das pessoas. Obrigada!
Ao grupinho que naturalmente se formou no Centro do Espírito Santo e que frequentou assiduamente as várias formações que íamos orientando, mais um grande abraço de incentivo. Essa sede de saber mais, de procurar conhecer o que vos rodeia, é o primeiro passo para atingirem os vossos objetivos. Não imaginam como é positivo lutarmos pelos nossos sonhos – quando os alcançamos por nós mesmos, não há alegria maior.
É impossível mencionarmos todos os nomes daqueles que marcaram esta nossa Missão. A Dina, o Álvaro, o Kauaua, a Albertina… tantos que nos acompanharam pelas ruas de Luanda, pelas estradas onde tantas vezes achamos que morreríamos no meio do “caos organizado” que é o trânsito.
A todas as crianças que se aproximaram de nós, nem que fosse só para analisar o nosso tom de pele, muita força para alcançarem os vossos sonhos. Nunca percam esses sorrisos que tanto nos marcaram e que levamos no nosso coração!
Sentimos o coração a transbordar de gratidão. Ela não cabe mesmo em palavras. É bom ser parte desta família MISSAMI, que está cada vez mais espalhada pelo mundo. No silêncio, sem dar nas vistas, as nossas manas vão desenvolvendo um trabalho fecundo. O segredo, ao que parece, está em colocar o outro em primeiro lugar. É isso ser o Pão Partido de que Jesus falava, é isso ser Corpo Vivo dele no Mundo.
Esta Missão não acaba aqui. É esse o desejo dos que voltam, dos que ficam, e com certeza dos MELs que ainda não vieram. As portas estão abertas, e o desejo é mantê-las bem escancaradas, para continuarem a dar frutos.
Quanto a nós, continuamos a acreditar que “Temos um lugar que não podemos deixar”, como cantavam na primeira Eucaristia em que participamos aqui em Angola. Esse lugar é maior do que Luanda e que Portugal juntos. É lugar de encontro, de partilha, de Esperança. Um lugar que nunca deixamos, porque se deixarmos deixamos de ser nós.
Estes “cinco pães e dois peixes” já se distribuíram por alguns cestos, mas felizmente ainda têm muito por onde se partilhar. Agora, vamos partilhar-nos para Portugal, e tentar continuar a fazer da nossa vida uma Missão.
Até sempre, irmãos!
Estamos juntos!

PS: Não fiz o resumo do dia, portanto vou fazê-lo brevemente, que o texto já vai longo: de manhã, demos por encerrado o ciclo de formações na Paróquia do Imaculado Coração de Maria, no Futungo. Esta formação foi sugerida por um jovem que esteve presente numa formação no Centro do Espírito Santo. O tema foi a “Higiene e Saúde” e “Gravidez na Adolescência”, orientado pelo João (o primeiro), pela Té Valente e pela Inês Pintinhas, e contou com uma assistência de quase cem pessoas.
À tarde, foi tempo de nos juntarmos com o MEL Angola para refletirmos e avaliarmos a experiência. Foi um momento de partilha muito enriquecedor. Depois, juntaram-se alguns elementos da Pastoral da Criança para um lanchinho e, à noite, recebemos o Padre Belmiro para jantar. À volta da mesa, partilhamos alimentos e experiências, como já vai sendo hábito por cá. Trocamos também agradecimentos e despedimo-nos com o habitual “Estamos juntos”.
E não é que estamos mesmo?

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Escolher um título é complicado


E ao 24º dia, voltamos a “vestir” o hábito. Calma! Ninguém assaltou o guarda fatos das Irmãs… O que aconteceu foi que voltamos às formações.

Ao amanhecer, esperava-nos mais um dia de formações e a saída de casa seria por volta das 7h30.
A hora de alvorada variou, mas a minha, tal como nos últimos dias, começou às 4h30 ao som do cantar do raio do galo da vizinha. Como tem sido habitual, pensei: “Davas um belo arroz de cabidela!”. Mas como também vem sendo habitual, decidi que, apesar de saboroso, seria indigesto a essa hora da madrugada e virei-me para o outro lado e dormi mais um bocado.

Reunimo-nos 11 à volta da mesa -  privilégio só possível à 2ª feira porque as Irmãs não têm Eucaristia - e tomamos o pequeno almoço em família.
Entretanto fomos preparando os materiais necessários para a formação sobre “Os meios de comunicação e a educação das crianças”, no Centro Paroquial do Espírito Santo.

Orientada pela Inês Rocha, a formação foi bastante dinâmica e participada; foram colocadas e esclarecidas muitas dúvidas e essa partilha enriqueceu todos os participantes, incluindo nós próprios. No fim da formação regressamos a casa a pé, como de costume, mas desta vez “à boleia” da nossa irmã Nária, do MEL de cá.

Com mais essa presença, ao almoço tivemos uma mesa rodeada de 12 pessoas, todos à volta de uns “hambúrgueres americanos à angolana” acompanhados com esparguete. A Ir. Alice só nos mima…
No fim do almoço, antes de sairmos, despedimo-nos da Ir. Maria Amor, que partiu para um retiro. Foi um prazer partilhar estes dias com ela e ouvir algumas das histórias de quem já está por Angola há muitos anos. Até breve!

Para os trabalhos da tarde, o grupo dividiu-se em três. O Ricardo ficou por casa a criar uma base de dados para ajudar a Ir. Judite no trabalho dela na Escola do Centro do Espírito Santo. A Ana, a Inês P. e a Teresa A. foram a casa da Tia Maria fazer a formação sobre “Cuidados ao bebé” que já tinha sido realizada noutros locais. A Inês R., eu e a Teresa V. fomos a casa da Tia Lúcia falar sobre os “Efeitos do álcool e das drogas”.

Ambas as formações correram bem e no fim, como acontece sempre por terras de Angola, fomos convidados a sentar-nos à mesa para partilhar um pequeno lanche.
Como nem tudo corre sempre como o habitual, desta vez regressamos a casa em grupos separados.

Reunimo-nos de novo já cá em casa (deixem-me usar esta expressão enquanto ainda posso) e entregamo-nos ao habitual convívio do fim da tarde. Entre banhos, trabalhos, descansos e brincadeiras, ocupamos o tempo que sobrava até ao jantar.
Ao jantar, a ementa foi um misto de comida de restaurante (restaurada) com um belo arroz.

Para terminar este dia, tratamos de algumas tarefas relacionadas com trabalhos que ainda vamos fazer e com sementes que vamos deixar germinar.

Agora é hora de dormir porque amanhã o dia volta a começar cedo! Espero que o galo tenha emudecido, caso contrário terei uma ementa a propor à Ir. Alice.

(As fotos virão amanhã e esta frase vai embora na mesma altura.)

Estamos juntos!
Até breve, irmãos!

domingo, 19 de agosto de 2012

Viver é Conviver!

Começamos o dia bem cedinho! As nossas boleias (dos manos MEL Angola) chegaram cá a casa às 6h30 para nos levarem para a Eucaristia.
Dos vários centros paroquiais que conhecemos, ainda não tínhamos ido à Eucaristia de Domingo no Centro do Espírito Santo – que foi o centro/escola onde tivemos mais formações e trabalhos no decorrer da última semana.
Esta foi provavelmente a última Eucaristia celebrada em terras de Angola, embora a festa dos corações agradecidos vai continuar a acontecer em cada dia nos nossos corações, com toda a certeza! Nesta celebração, tivemos oportunidade de apresentar (no momento de Ação de Graças) o nosso agradecimento a toda a comunidade pela forma como fomos acolhidos e por tudo o que nos deram e partilharam connosco ao longo destes dias. Também como gesto de gratidão, oferecemos cartazes de educação para a saúde, elaborados por nós, para serem afixados nas salas de aulas do centro e um kit de primeiros socorros.
Após a Eucaristia, seguimos de carro até à marina, onde apanhamos 2 embarcações que nos levaram para a Ilha de Mussulo. No total éramos 18 pessoas (7 portugueses, 2 irmãs e 9 angolanos) e levamos connosco a comida e bebidas para o almoço... Não imaginam a logística necessária. Parecia uma daquelas idas à praia em família à moda antiga, com os tachos e a mala térmica XXL. A viagem de barco foi rápida (cerca de 5-10 minutos) mas muito calma (os pratos fartaram-se de saltar, mas não partiram). A Ilha de Mussulo é usada pela população para fazer praia, para passar férias e para celebrações de casamentos ou batizados… Nesta altura do ano, como estamos aqui no Inverno, a ilha estava praticamente deserta. Todas as infra-estruturas junto à praia (cabanas tipo bar, restaurantes, casas de aluguer) estavam desertos. Segundo os nossos manos angolanos, no Verão, a praia e a água fica cheia de gente… Portanto, sentimo-nos uns sortudos por poder usufruir daquele espaço paradisíaco de forma tão calma e relaxante. Estivemos na ilha pouco tempo (apenas das 11h até às 15h) mas houve tempo para tudo… comer, caminhar, tomar banho de mar e de sol, conversar… enfim, conviver!
De regresso a casa, houve tempo para um banho comunitário no quintal das irmãs e deu para perceber que praticamente todos apanhamos um escaldão (afinal, o sol não parecia muito forte, mas queimou mesmo muito…)
Foi um dia muito bom, estamos todos bem e felizes! Brevemente, já estaremos aí para vos contar tudo e para mostrar as fotos (hoje não há fotos porque demora-se muito tempo para as carregar).
Amanhã, teremos mais uma formação sobre “Os meios de comunicação e a educação das crianças” desta vez, pelas mãos e voz da nossa Inês Rocha.  À medida que estes últimos dias chegam, vamos nos apercebendo que várias coisas que ainda gostaríamos de fazer… mas já vamos tendo a certeza que muito vai ficar por fazer e a vontade de continuar a colaborar com este povo não irá ficar por aqui…
E já agora, a propósito do Viver é Conviver, surgiu por aqui a ideia de no dia do regresso (4ª feira) fazermos um jantar convívio, entre todos os MEL (os que chegam e os que estão aí) e respectivas famílias, a fim de matarmos saudades e partilharmos vivências, que dizem?

sábado, 18 de agosto de 2012

Já vos dissemos que estamos em Angola?


 Hoje foi mais um dia de troca de conhecimentos.

Quando realizamos as formações damos um pouco de nós, e recebemos um tanto mais dos outros. Conhecemos uma realidade diferente, de saberes distintos, e falamos sobre mitos. É uma partilha à volta de nós mesmos e sobre inquietações.
O nosso papel? Tentarmos ser, tanto quanto possível, assertivos perante a realidade que eles tão bem conhecem e que aos poucos também nós vamos conhecendo.

Pela manhã, uma vez mais no Centro Espírito Santo, abordamos a temática do Álcool e das Drogas, focando as alterações que estas provocam no corpo da pessoa dependente. Em Angola, os jovens dão-se conta do problema que é uma garrafa de whisky ser mais barata do que uma de água e de muitas vezes sentirem necessidade de envolver os problemas em goles de álcool.


Pela tarde, fomos ao Centro de São Paulo partilhar conhecimentos sobre os cuidados de higiene, a grávida adolescente e os cuidados ao bebé. Como esta formação foi a única a ser realizada lá, fizemos um género de resumo, procurando abordar diversos temas de interesse para a população presente. Tivemos um público misto, recheado de crianças, jovens e pessoas mais idosas. Com a participação de todos, foi possível tornar a formação mais dinâmica e prática.
No final houve, uma vez mais, direito a “consultas individuais” e esclarecimento de dúvidas mais íntimas.


É bom notar que em certos espaços já vamos vendo aplicados alguns dos conhecimentos transmitidos. Numa das formações, explicamos como poderiam, através de um garrafão, ter água corrente. Entretanto, as pessoas foram criando o seu próprio garrafão e ensinaram também as crianças do bairro a fazerem o seu. Explicamos também aos papás que não precisavam de vestir os seus bebés com demasiada roupa após as primeiras semanas de vida e estes já foram aparecendo com menos roupa. Notar tudo isto é muito gratificante.


Por isso, e por tudo isto, não nos sentimos em vão.

Beijinhos para todos e amanhã mais uma oportunidade nos espera. Afinal de contas, todos os dias são nossos!

PS: Ah, e a Irmã Alice acabou de me lembrar que todos os dias, segundo ela, temos receitas vindas de todas as partes do mundo ao almoço e ao jantar. Hoje experimentamos receitas provenientes da Rússia!!

O caminho continua

Terminou mais um dia de Missão por terras de Angola. Estamos a chegar aos últimos dias e começa a sentir-se o aproximar do dia de regresso… E agora?

Hoje, como nos últimos dias, levantamo-nos por volta das 7h15, para tomar o pequeno almoço que nos prepara para mais um dia de Missão. Sabe bem começar o dia juntos à volta da mesa!


Para não variar, a manhã foi passada no Centro Paroquial do Espírito Santo, desta vez com uma formação sobre “Cuidados ao bebé”, liderada pela Ana. Enquanto as meninas estavam na sala e iam colaborando na formação, o Ricardo continuou a arranjar tomadas, interruptores, quadros e eu estive a dar a última camada de verniz numa das mesas da secretaria.

A formação teve a participação de cerca de 20 pessoas, na grande maioria jovens que já tinham estado presentes nos outros dias. Falou-se dos cuidados a ter com o bebé, ao nível de higiene, da alimentação, etc. Houve bastante interesse da parte da plateia, com várias perguntas pertinentes e dúvidas concretas. No fim da formação, a Teresa Valente examinou 3 bebés que estavam presentes com os pais.

Depois de terminada a formação, a Ana, as Inêses, as Teresas e eu viemos para casa e o Ricardo ficou a acabar alguns trabalhos, regressando depois com a Ir. Judite.


Ao chegarmos a casa, o cansaço “atirou” alguns de nós para o sofá enquanto outros preparavam alguns materiais para outras formações. Depois de retemperadas as forças, tratamos de preparar a mesa para o almoço, preparado, mais uma vez, pela Ir. Alice. Como também vem sendo hábito, estava excelente e foi revigorante. Já com o estômago composto, tivemos tempo para descontrair, visto que não havia nenhuma formação programada para a tarde de hoje.

Antes do jantar, voltamos ao vício do Trivial Pursuit para manter a sabedoria exercitada.

O jantar não fugiu aos padrões habituais, embora suspeite que houvesse ali algum ingrediente especial. É que durante a digestão voltamos ao momento por mim intitulado (agora mesmo e à pressão): “Perguntas profundas, conversas agradáveis”, mais uma vez lançado pela Inês Pintas. Com alguma saudável estupidez pelo meio, tem sido óptimo fomentar assim a construção do tal puzzle de que a Pintas falava na 3ª feira.
Quando terminaram as perguntas, quando o sono venceu o discernimento e quando a estupidez ameaçava deixar de ser saudável, cada um recolheu à sua cama principescamente coberta pelos mosquiteiros.


Respondendo ao “E agora?” que escrevi no início e falando, quer dizer, escrevendo a nível pessoal, nem se põe a questão de ser fácil ou difícil regressar, de ter ou não saudades. Não é isso que importa. Começa a dança entre o que fica do que veio e o que vai do muito que por cá ganhei. É fantástico caminhar nas ruas de todos os dias e sentir que Luanda já me é familiar. Ontem ao ver na net notícias nos meios de comunicação portugueses com fotografias de cá, dei por mim a pensar que estou mesmo por dentro desta realidade. Não é um sítio onde vim, mas um local onde me inseri. Já brincaram comigo a dizer que já recebi o “batismo” de cá e agora também sou um pouco angolano. Registei e gostei de mais esse sinal de carinho.

Desculpem este parágrafo em tom mais pessoal, mas não queria deixar de o partilhar também com vocês.
Mas já agora, deixem-me despedir à moda de cá.
Estamos juntos.
Até breve, irmãos!

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Educar para a Saúde

Hoje saímos de casa novamente às 8h, depois de um energizante mata-bicho.
Mais uma vez nos separamos em 3 grupos de trabalho.
As Teresas e o João apanharam boleia de 2P (dois pés) com a simpática Dina com destino à Paróquia Nossa Senhora da Paz, onde participaram na reunião semanal da Promaica.
A Promaica (Promoção da Mulher Angolana na Igreja Católica) é um grupo (só de mulheres) que está presente na maioria das paróquias e/ou centros paroquiais e que, tal como o nome indica, visa promover a mulher em várias vertentes.
Hoje este grupo teve direito a uma pequena palestra de 40 minutos onde de uma forma bastante resumida se tocaram os temas da "Higiene e Saúde", "Gravidez na Adolescência" e "Aborto".
Como o tempo foi muito curto e o interesse e as inquietações eram muitas, seguiu-se um momento de "consultório de dúvidas" em que uma após outra as mulheres foram-se chegando à Teresa V. para lhe colocarem as mais diversas dúvidas ou pedirem conselhos de saúde.
Ao mesmo tempo as Ineses e a Ana abordavam o tema "Acompanhamento da Grávida e do Bebé" no Centro Espírito Santo onde estiveram a participar as habituais cerca de 30 pessoas, maioritariamente jovens e muito interessadas e participativas. Neste local, mais do que palestras de formação, os encontros têm-se tornado verdadeiros fóruns de partilha e discussão.
Enquanto isto, eu continuava os trabalhos de bricolage no mesmo local, substituindo tomadas elétricas e lâmpadas, pintando e envernizando secretárias antigas.
Regressamos a casa e regalámo-nos com o "bacalhau à angolana" da ir. Alice e aproveitamos para descansar uns 20 minutinhos.
Logo de seguida saímos novamente para mais duas palestras "no meio do povo".

Eu, a Teresa V. e a Ana fomos até casa da tia Maria onde nos encontramos com cerca de 50 jovens raparigas (algumas já mamãs e outras não) onde abordamos o tema do "Planeamento Familiar". Ao terminar, enquanto esperávamos pelo outro grupo, partilhamos com a tia Maria um pratinho de ginguba enquanto ela nos contou com o brilho no olhar as histórias dos nascimentos dos seus 7 filhotes (que agora já são todos adultos) em tempo de guerra.

Já a Pintinhas, a Teresa A. e o João foram até a casa da tia Lúcia, onde com um simpático grupinho de 15 pessoas abordaram o tema "Gravidez na Adolescência". Como não havia eletricidade naquele momento tiveram de ligar um gerador a gasóleo para poder utilizar o projetor de vídeo e o computador, no entanto o barulho por ele provocado também dificultou um pouco a comunicação oral que teve de ser feita a plenos pulmões (a Pintinhas agora está com voz de bagaço).
A Rochinha ficou por casa a preparar uns folhetos (in)formativos para os próximos dias.

E chegamos ao fim de mais um dia bastante cansativo psicologicamente e fisicamente (os locais das formações ficam a mais de 30min. a pé), mas foi para isto que cá viemos e está a dar-nos um prazer enooorme!

Um grande abraço para todos ;)

A beleza do encontro...


Hoje o dia começou um bocadinho mais tarde. Já que o público costuma atrasar-se decidimos também nós sair de casa apenas às 8h de forma a chegar por volta das 8h20 ao Centro do Espírito Santo.

Demos início a mais uma formação, orientada pela Pintinhas e pela Té - “Gravidez na Adolescência”, desta vez focando a temática do abordo e das doenças sexualmente transmissíveis. A plateia mostrou-se sempre bastante atenta e interessada, colocando várias questões e desfazendo alguns mitos e “dizeres do povo”. Uma coisa boa que temos vindo a notar é o núcleo de pessoas que se tem repetido ao longo da semana, permitindo um contínuo de toda a informação e partilha e dando-nos, também, um reforço para o aumento da nossa motivação.

Apesar de ainda não termos partilhado aqui no blog, durante a manhã, para além das formações, o Ricardo e a Ana têm ajudado com trabalhos de bricolage no centro – onde também está a escola – renovando secretárias, arranjando ventoinhas, pendurando quadros de giz, enfim, todo um trabalho digno de “Querida Mudei a Casa”!!

De tarde, dividimo-nos em dois grupos, o Ricardo e a Ana voltaram aos seus trabalhos de “arranja tudo” e os restantes dirigiram-se a casa de Albertina para mais uma formação. Entre caminhos de terra, lixo e esgotos a céu aberto, passando por crianças que brincam na rua com tudo o que está à mão, chegamos ao nosso destino. Como já vem sendo habitual, à hora combinada não estava quase ninguém no local, mas logo logo o espaço se foi compondo. Por não haver energia tivemos de recorrer ao plano B e fazer a formação sem o apoio do PPT. Mas tudo decorreu lindamente, num ambiente familiar, pois não estivemos mais de 20 pessoas, em conversa, partilha de conhecimentos e esclarecimento de dúvidas. A sede de saber que aqui se sente consegue ser emocionante… Não viemos embora sem antes matar o bicho com batata doce e ginguba, sempre com tratamento especial de visitante. Somos tão bem tratados!!

Para finalizar o dia e como cereja em cima do bolo, a nossa Ana preparou-nos um momento de oração onde nos pudemos pôr ao colo do nosso Abbá, procurando encontrar o ritmo e os passos certos para esta dança a que ele continuamente nos convida…

Como podem ver, estamos bem! Sinto que estamos a viver os dias com a tónica no sítio certo… conseguiremos mantê-la?...

Um Abraço forte para todos!
Com carinho,
de Luanda

P.S.: Por culpa da Inês R., na rua chamam-nos de chineses!!! (Não podia postar sem uma única palermice! hehe ;) )

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Aproveitar agora que a net está rápida!!!!

Hoje foi mais um dia longo! Mas é bom chegar a casa com aquele cansaço que dá a sensação de (alguma) missão cumprida J

Levantamo-nos novamente bem cedinho e seguimos para o Centro Espírito Santo para mais uma manhã de formação. Desta vez abordamos a temática da gravidez na adolescência assim como a importância do planeamento familiar, que como devem imaginar, ainda é um grande desafio por aqui. Foi muito interessante, tanto a nível do público que tivemos (curiosamente, muitos rapazes jovens), mas também pela curiosidade e vontade de aprender de todos os que assistiram. Colocam-nos dúvidas e partilham experiências, e já se vai começando a sentir que os jovens sentem necessidade de crescer e viver numa sociedade mais aberta, talvez mais (in)formada.
Quanto à nossa tarde, o grupo teve de se dividir para que os “nossos braços” chegassem a mais lados. O Ricardo, o João e a Maria Inês dirigiram-se a casa da Tia Maria (Líder da Pastoral da Criança) para abordarem o tema “Higiene e Saúde”. O balanço é positivo, e mais uma vez, eles contam que num piscar de olhos, uma plateia de algumas pessoas é capaz de se transformar num autêntico “anfiteatro”, onde todos são convidados a entrar: mães, pais, e crianças… muitas crianças!

Quanto a mim, às Teresas e à Ana, fomos a casa da Nária (do MEL-Angola) outra vez, para mais uma formação com as mamãs acompanhadas pela Pastoral da Criança, desta vez focada na problemática do aborto, mas também nos cuidados da grávida e do bebé. Com um nenuco e alguns materiais mais didáticos, a Anita explicou e demonstrou todos os cuidados a ter com um bebé recém-nascido, como por exemplo, nos cuidados a ter no banho e na amamentação. E no fim, houve ainda direito a distribuição de escovas e pastas de dentes às mamãs e às crianças! Todos deliraram com a surpresa! A nossa terapeuta da fala Teresa continua também com as suas sessões.

Agora estamos à volta das formações de amanhã, há sempre matéria para trabalhar! E entre brincadeiras, vídeos parvos, e muita cumplicidade, lá vamos tentando descobrir o encaixe da nossa peça neste grande puzzle. Com a certeza de que é impossível não querer acompanhar o ritmo lá fora, o daquelas correntes que nos maravilharam nas quedas de kanlandula.

A todos vocês desse lado, que os nossos braços cheguem também aí para receberem um grande abraço! J

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

E começa a maratona das formações!

Podia, se quisesse ser má para os nossos queridos leitores, dizer que a razão pela qual ontem não escrevemos foi termos sido mordidos por um mosquito gigante que nos prendeu os movimentos das mãos; no entanto, certa de que não iriam acreditar, vou contar a verdade.
A viagem Malanje - Luanda deu-nos uma coça corporal e mental e levou-nos toda a paciência que tínhamos cá dentro. A viagem foi um misto de muita coisa: impaciência por ser muito longa, medo de que os vidros da camioneta rebentassem a qualquer momento (a julgar pelo barulho que faziam, não faltava muito), o cheiro carregado a gente e a comida frita que todos compravam nas paragens onde havia vendedores ambulantes. Adicionem a isto choro de bebés (apesar de a viagem para Malanje ter sido bem mais atribulada neste aspeto) e uma carga de sono por nos termos levantado às 4 e meia da manhã, e têm o resultado: praticamente todo o grupo dormiu quase a viagem toda. Íamos abrindo os olhos à medida que havia travagens mais bruscas, para nos certificarmos que ainda não era desta que ficávamos no meio da estrada, e quando o estômago pedia mais uma bolachinha.
Nós e a MELada Nária nas quedas de Kalandula, a foto que não pudemos postar durante o fim-de-semana. Como podem ver, estamos todos felizes e saudáveis e não há sítio mais bonito que aquele!

Ainda assim, a quantidade quase excessiva de horas que dormimos não foi suficiente para repor as energias necessárias a postar um texto no blogue. Note-se que é preciso uma paciência de santo para percorrer todo o processo desde que começamos a escrever o texto até que clicamos em “publicar”. Pelo meio, o computador desliga-se mesmo quando estávamos a terminar e íamos gravar, a Internet bloqueia a cada imagem que queremos importar… entre muitos outros bloqueios que sabem bem como testar a nossa paciência.

Além disso, estávamos bem atarefados a preparar as formações, que começaram hoje!

De manhã, a nossa Teresa Ascensona abriu a semana das formações com o tema “Higiene e Saúde”, no Centro Espírito Santo. A sala praticamente vazia à hora marcada foi-se transformando, à medida que o tempo passava, numa plateia bem compostinha (se acham que os portugueses têm um problema com os horários, têm que vir a Angola para saber o que é ser atrasado).
Durante a formação sobre "Higiene e Saúde", houve quem lavasse bem cuidadosamente os dentes do João!
Na nossa perspetiva, correu muito bem. O público era muito interventivo, fazia muitas perguntas e mostrava-se muito recetivo ao que íamos dizendo. Primeira prova superadíssima! O nervosismo que se ia instalando à medida que preparávamos tudo, o medo de não conseguirmos entrar na realidade e na linguagem do público, revelou-se desnecessário. A Teresa ainda teve direito a entrevista para passar na Rádio Ecclesia e no jornal A Voz de Pedro, da Paróquia de São Pedro.

À tarde, foi a vez de a Teresa (a Valente) e a Inês Pintinhas orientarem a formação sobre “Gravidez na Adolescência” na casa da nossa companheira MELada Nária.

O pátio encheu-se de mamãs com aspeto muito jovem. Umas de filho ao colo, outras com as barrigas já bem salientes, todas com uma grande necessidade de saber, de perguntar, de se informar.
Em casa da Nária, a formação começou com o hino da Pastoral da Criança, cantado pelos vários líderes. No fim, o pátio ficou "à pinha"!

Mais uma vez, correu tudo muito bem. Os temas que supostamente poderiam ser “tabu” foram conversados com a seriedade necessária. Não houve medo de colocar questões e de desfazer alguns mitos. O público ia aumentando à medida que os vizinhos se apercebiam do tema que se estava a debater. Havia quem dissesse entre-dentes: “a pessoa X tem de ouvir isto!”. E iam chamar mais, que a certa altura já cabiam com dificuldade no pequeno pátio.

O balanço deste primeiro dia é, portanto, totalmente positivo. Esperamos continuar a contribuir, dentro do que formos capazes, para ajudar pessoas! Afinal, é isso que dilata o coração e nos torna verdadeiramente Irmãos.

sábado, 11 de agosto de 2012

A pedido de algumas pessoas...

Olá de novo!
Passei aqui para ver os comentários à mensagem de ontem e não podia deixar de corresponder aos pedidos de nova "surpresa".

Hoje não vou fazer um relato exaustivo do dia, porque isso fica para quando contarmos com pormenor a nossa estadia aqui em Malanje.

Depois do almoço, cada um de nós os sete acompanhou um pequeno grupo de seminaristas cá da casa nas actividades pastorais que eles realizam nas paróquias desta cidade. Assim tivemos a possibilidade de conhecer outra realidade dentro deste país tão grande.

Agora à noite, após o jantar, assistimos e participamos na "Noite Cultural" organizada pelos seminaristas. Esta também serviu de celebração do aniversário do Pe. Wandali, reitor deste seminário. Houve música, poesia, dança, etc. Até dançamos o Malhão com a Ir. Alice a liderar!

Propositadamente deixei a manhã para o fim. Sinceramente, apetece deixar o silêncio falar, mas aqui no blogue não dá.
É que hoje de manhã fomos visitar as famosas Quedas de Kalandula!
Permitam-me uma opinião pessoal: é o local natural mais bonito que já vi na vida!
O barulho da água a cair e a dimensão do espaço transmitem uma paz incrível que convida a passar lá o dia todo só a apreciar...
Depois mostramos as fotos... Apesar de estarem bem, desconfio que não transmitem totalmente a beleza que vimos!

Apetece-me terminar agradecendo a Deus a beleza da Natureza que apreciamos  Assim temos ainda  mais motivos para O louvar.

Até amanhã, irmãos!

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Surpresa! Em directo de Malanje

Olá!

Pois é, apesar de não estarmos a contar ter internet por cá, a disponibilidade das nossas Irmãs proporcionou-nos isso.
Mas eu acho que, mais do que nós, os privilegiados e agradecidos são os que diariamente nos acompanham e julgavam que iam estar sem notícias aqui neste nosso cantinho. Ele é vosso e, tendo possibilidade de partilhar, aproveitamos.
Como não sabemos se vamos ter rede amanhã, este texto será mais curto apenas para relatar o dia. E também vai sem fotos, porque a net está fraquinha...
Depois contaremos os pormenores.

Hoje acordamos entre as 4h15 e as 4h30 porque tínhamos autocarro para Malanje às 6h30. A essa hora um grupo de 13 missionários (nós os 7, a Ir. Alice, a Ir. Margarida e os jovens do MEL Angola que puderam vir - Lola, Nária, Rosa e Joaquim Cariongo) esperava já a partida... Saímos às 7h15 para uma viagem com paisagens excelentes e uma estrada bastante boa, sempre com algumas características típicas de Angola. A viagem correu muito bem, sem sobressaltos e com muito tempo para ser apreciada.
Chegamos a Malanje às 14h45, ou seja, 7 horas e meia depois da saída de Luanda. Demoramos tanto nestes 400 km como de avião do Porto até Luanda!
Mas valeu a pena!
Depois de uma caminhada até ao Seminário do Espírito Santo, fomos muitíssimo bem acolhidos pela comunidade dos seminaristas e formadores cá da casa.
Depois do jantar, tivemos um pequeno momento de apresentação e partilha de realidades e experiências.
Agora vou dormir, para ver se ainda apanho o resto do grupo!
Até breve, irmãos!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Luz? Água? Iupiiii!!!

Hoje foi um dia “à Angola”, segundo dizem… sem água e sem luz!
Temos tido sorte, até agora só nos faltaram durante dois dias e não foram seguidos.
A norma é durar dias! Boa notícia: já voltou!

Mas hoje o texto vai ser curto, como as horas que vamos ter para dormir esta noite.
Amanhã saímos de casa por volta das 5h30 para apanharmos uma camioneta que vai para Malange. Ficaremos lá até domingo e só voltamos a dar notícias aqui neste cantinho, nesse mesmo dia, se a rede assim o permitir. Por isso, nada de preocupações!


Em relação ao dia de hoje, pela manhã, tivemos a oportunidade de ir a uma loja (quase se poderia dizer visitar) com venda de panos típicos de Angola. São cores e feitios diferentes espalhados por todas as paredes com os mais variados preços, de acordo com o bolso de cada um… Escusado será dizer que a vontade de trazer um “molho” deles, sobrevoou o pensamento de todos, mas lá nos controlamos!

Pela tarde continuamos a preparação das formações que irão decorrer na próxima semana, ajustando pormenores e criando métodos expositivos criativos de forma a tornar cada aprendizagem mais eficaz. Queremos muito que cada formação não seja em vão e possa principalmente permanecer e espalhar-se por todos de boca em boca (literalmente, de acordo com a fotografia!!!).


Agora, ao final da noite, estamos a preparar pequenas malas para a nossa breve estadia em Malange, onde esperamos encontrar novos “campos” de missão. Por isso, um até já!!

PS: Adoramos a comunidade que se tem vindo a criar através dos comentários!

O hábito fora do habitual

O hábito de acordar cedo (quase) todos os dias começa a fazer escola. Hoje acordei às 7h10 a achar que estava atrasado para o pequeno almoço, embora este estivesse marcado para daí a uma hora.
Se para nós a percepção do cedo e tarde se alterou, por aqui a própria noção de horário é, muitas vezes, uma vaga ideia. Estava previsto sairmos de casa às 8h30 mas por vários motivos não foi possível. Enquanto esperávamos aproveitamos para fazer a oração da manhã, lendo uma reinterpretação das bem-aventuranças escrita pelo Pe. José Tolentino Mendonça.

Depois desse momento continuamos a esperar e já perto das 10h saímos para ir a uma feira de artesanato no Bairro de Benfica, na zona sul de Luanda.
A viagem não foi muito longa, mas mesmo assim o espírito de aventura teve de voltar a estar presente, pois a única alternativa é o medo. Ultrapassar é um conceito que aqui se aplica de todas as formas e feitios, exceto as que estão definidas no código. As linhas das estradas apenas servem para a identificar com sendo de facto uma via de trânsito, pois ninguém lhes presta atenção nem as respeita. A prioridade resolve-se com uma “entrada à campeão” que rapidamente transforma 3 vias de trânsito em 4. Os carros andam até partir. Depois de partir colam-se e continuam a andar. Os táxis são uma exceção, porque andam mesmo estando partidos. No meio disto tudo, entre as filas de trânsito, nas zonas onde se anda mais devagar, estão os vendedores ambulantes. Vendem de tudo um pouco: de chuveiros a jornais, passando por meias, fruta e terminado em peças de carros. É um caos estranhamente funcional.

Agora que já enchi o post, vamos ao que interessa do dia de hoje.

Na tal feira de artesanato, no meio de estatuinhas, estatuetas, colares, quadros e muitas outras coisas, a palavra de ordem é regatear. Os preços começam invariavelmente altos e vão descendo até ao ponto em que a paciência do cliente e a necessidade do vendedor se encontram. O ambiente é engraçado e somos constantemente abordados por outros vendedores que acham que, por sermos estrangeiros, temos muitos kwanzas para gastar… Algumas peças facilmente fariam perder a cabeça e parte da carteira, mas depois de meia dúzia de compras viemos embora.
Querem saber o que compramos? Eu digo: coisas africanas.
Estragar surpresas é feio e daqui por duas semanas já saberão.



Após uma viagem de regresso “normal”, chegamos a casa para almoçar como é costume: bem e em família.
Acabado o almoço, o grupo dividiu-se. As meninas de nomes emparelhados (Inês Pintalhão, Inês Rocha, Teresa Ascensão e Teresa Valente) ficaram em casa a preparar algumas formações que vamos realizar. O pessoal de nome único (Ana, Ricardo e eu) foi com a Ir. Judite ao Centro Paroquial do Espírito Santo para uma sessão de bricolage numas mesas da secretaria do centro.
Além disso, as Teresas usaram (cada uma na sua área de formação) o “consultório” que agora me serve de espaço de redação e daqui a pouco me vai servir de quarto. Por falar em quartos, aqui estão as fotos deles




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No fim do dia reunimo-nos de novo à mesa para o jantar. Depois de comer continuamos a tratar das formações até irmos para a cama.

E por hoje é tudo. Amanhã a Missão continua!
Até breve!

terça-feira, 7 de agosto de 2012

A vida é feita de nadas... e contam!

Mais um dia feito de sorrisos!

Pois é, como o tempo voa... hoje foi o nosso 11º dia por terras angolanas, o que quer dizer que estamos quase a chegar ao meio da nossa viagem.
O dia começou cedo, mata-bichamos e fizemos uma pequena oração da manhã aqui na capela de casa. A frase que ficou no ar foi "MAS a vida é feita de nadas... e contam!". Queríamos preparar os nossos corações para o grande momento do dia.
Partimos os 7 juntamente com 2 amigos do MEL Angola - a Dina e o Cauaua - em direcção ao Centro de Controlo Especializado Preventório Infantil de Luanda, perto do bairro Rocha Pinto. Fomos a pé e de táxi e à medida que nos aproximávamos do local os nossos corações iam batendo acelerados na ânsia do que íamos encontrar. A Nária é outra MEL que também se juntou a nós já perto do Centro.
Levamos as mochilas cheias com balões, narizes vermelhos, carrinhos, pulseirinhas, computador e vídeo. Mas, acima de tudo, levamos a vontade de espalhar alegria e esperança às crianças que íamos visitar. 

Este Centro tem como objectivo o diagnóstico e tratamento de tuberculose a crianças desde os 0 aos 14 anos de vida. Existem 2 modalidades de acompanhamento: as crianças que ficam internadas são aquelas cujas famílias não têm condições para assegurar a toma da medicação e simultaneamente a alimentação necessária para a sua recuperação e as crianças que ficam em casa e os pais vão lá diariamente (ou não) buscar a medicação para tomar em casa.

Quando chegamos ao Centro observamos uma "sala de espera" que era basicamente um conjunto de cadeiras com um coberto por cima, ao ar livre, onde se encontravam as mães com as crianças doentes ao colo, que vêm para ter consulta ou fazer o rastreio/ diagnóstico da tuberculose. 
Fomos desde logo encaminhados para a área onde as crianças internadas se encontravam que era um terraço coberto ao ar livre. As crianças estavam todas sentadas à mesa e logo nos receberam com uma canção "Bem-vindos... Bem-vindos".
Começamos por nos apresentarmos todos, dizendo cada um o seu nome... embora os mais pequeninos que ainda não falam, não puderam apresentar-se contudo também tiveram direito a palmas. Depois passamos à parte da animação, juntámo-nos todos em roda e começamos com as canções e os jogos... De seguida as doutoras palhaças (Ana e Inês Pintas) começaram a palhaçada e a distribuição de balões, foi muito bom ver todos os sorrisos que nasceram nos seus rostos... Também houve lugar para as pinturas faciais, todos queriam um coração ou uma estrela no rosto!

Depois, enquanto as crianças fizeram o lanchinho do meio da manhã, nós fomos guiados pelo Diretor do Centro que nos apresentou o centro por dentro - a secretaria, a sala de enfermagem, o laboratório, a farmácia (onde os medicamentos são dispensados para fora), uma enfermaria única com uma ala para as meninas e outra para os meninos - com camas tipo beliche, o gabinete do diretor, o consultório médico, o refeitório dos profissionais e a cozinha. Pelo que pudemos perceber também fazem diagnóstico de tuberculose em pessoas adultas - fazendo o teste do escarro (baciloscopia) e nas crianças a prova de mantoux (uma picada no braço).

Após a visita guiada, começamos a preparar o espaço na enfermaria para a sessão de cinema. O filme que vimos foi o "As aventuras do Piglet" cuja moral da história era "sou pequenino mas quando ajudo os outros fico enorme". As crianças ficaram sentadas no chão em cima de mantas e ficaram completamente boquiabertas quando viram a projeção na parede e o som que saía das colunas. Após o entusiasmo da primeira meia hora, algumas acabaram por adormecer ou na manta ou no colo de alguns de nós. Depois do filme, foi o momento da despedida, entregamos as pulseirinhas e os carrinhos às crianças e partimos... guardando na memória os sorrisos e os beijinhos que nos atiraram.

Voltamos para casa e com o coração cheio...

A tarde foi dedicada a pequenas missões que cada um tinha destinadas, desde preparar as formações da próxima semana, sessão de terapia da fala, consultas médicas, aulas de informática e consertos de fechaduras...

Bem, foi um dia cheio e cansativo, mas foi muito bom!
Estamos felizes porque afinal é mesmo assim: a vida é feita de nadas... e contam! acreditamos.

Estas são as nossas carinhas dentro do táxi... porque as outras e os sorrisos não pudemos fotografar, 
ficaram apenas gravados nos nossos corações.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Hoje foi assim...


 Hoje o tema principal cá de casa foi a Rússia, nas vertentes de salada e montanha! Para além disso, para quem não sabe, o ipod apareceu em 2001 e o livro “A Origem das Espécies” de Charles Darwin foi editado em 1859, cem anos antes da inauguração da montanha-russa da Disneyland. Ou seja, hoje levantamo-nos por volta das 09h45, foi dia de APARENTE descanso matinal, pois aproveitamos a manhã para fazer as limpezas da casa. Entre esfregonas, baldes, vassouras e panos, limpamos, da melhor forma possível, a casa que nos acolhe.

         O almoço foi feito rapidamente, pois fomos ao restaurante (segundo a Ir Judite - agora sim, escrito corretamente -, comemos comida restaurada do dia de ontem!! Hehe). A tarde foi passada a preparar e organizar as formações que começarão para a semana com as mamãs e crianças que são acompanhadas pela Pastoral da Criança, e para quem mais queira aparecer! (se quiserem, estão convidados!!) Estivemos com uma das líderes de um dos grupos a expor dúvidas e a tentar conhecer um bocadinho melhor a realidade aqui de Angola, e os costumes e mitos deste povo.

         Ah! Falta dizer que hoje ao início da tarde bateram a porta e pediram para falar com a Teresa Valente! (???). Era uma senhora chamada Teresa Valentim que disse ser a sua xara, ou seja, tem o mesmo nome que ela e ofereceu-lhe uma indumentária completa angolana, o pano, a blusa e o lenço da cabeça. Uaauu!! Só tem um problemazinho, a blusa parece servir a duas Teresas juntas, por isso quem a deve usar no futuro deve ser o Ricardo! Acrescente-se que a sua cor é verde florescente.

         Deixando-me de palhaçadas, mas que às vezes também são precisas, deu para ver que hoje foi um dia mais calmo! Começamos, cada vez mais, a sentir-nos em casa e a aprender a viver numa realidade diferente da nossa.
         Sentimo-vos desse lado e isso é muito bom!! Obrigada!


Beijinhos para todos, como dizem aqui “estamos juntos”.

Hoje foi dia de festa!


A pouco e pouco vamo-nos habituando à rotina de cá: a dosagem certa do leite em pó, o malarone, lavar os dentes só com água do filtro e não esquecer do repelente! Apesar de o tempo estar a passar rápido já cá estamos há uma semana. Chegamos de malas cheias de vontade de viver novas experiências e esperança de partilhar e aprender novos costumes. E já vamos novamente enchendo os corações de memórias, alegria, partilha e sobretudo muita humanidade, pois em cada canto por onde passamos recebemos sempre um gesto de carinho, um olhar ternurento.

Hoje o dia foi de Festa, por vários motivos! Começamos por celebrar a Eucaristia mais uma vez com grande alegria, em que o ritmo das músicas africanas contribui para que vivamos esse espírito de uma forma incrível! Apesar disso, eu a Teresa Ascensão deixamo-nos embalar nalgumas partes da homilia. É que levantar todos os dias à 5 da matina tem as suas consequências! :)
 
A Paróquia de São Pedro festejou hoje o encerramento da semana paroquial e também nós estivemos envolvidos nas atividades da comunidade. Montamos uma banquinha no átrio da igreja onde expusemos material de divulgação da congregação e alguns dos brindes da missão Angola 2012, que vocês já conhecem de cor. Na banquinha do lado estava a pastoral da criança que conseguiu angariar fundos para as suas atividades, com a venda de petiscos e uns sumos naturais maravilhosos feitos pela nossa Ir. Judith!



Depois do almoço, também na paróquia, juntamo-nos à festa da comunidade onde não faltou dança, teatro e muita música! Aliás, até fomos convidados para cantar “em palco” com o Miguel Buila,  um dos cantores gospel mais emblemáticos da paróquia e até do país! Toda a população vibra com a música e sabe as letras todas de cor!
Como certamente muitos saberão, hoje foi também um dia muito importante para a nossa comunidade! É que celebramos o aniversário do nascimento de Maria Emilia Riquelme. (Isabel, obrigada pelo miminho!) E como manda a regra, à noite tivemos festa cá em casa com o MEL de Angola onde sentados à mesa partilhamos histórias, gargalhadas, e claro, cantamos os parabéns e provamos o bolo feito pelo Ricardo, que estava delicioso!
E talvez seja este o verdadeiro carisma daquilo que anunciamos, sermos pão partido onde quer que a vida nos leve, enfrentarmos cada dia como uma missão.
Para terminar, só dizer que gostamos muito de ler os vossos comentários, sem dúvida que assim estamos mais pertinho e todos envolvidos neste projeto a que gostamos de chamar missão :)

sábado, 4 de agosto de 2012

O "postoum" - título carinhosamente dado pelo João a este (pequeno) texto


A nossa noção de “cedo” e “tarde” começa, aos poucos, a alterar-se profundamente. Levantarmo-nos às oito parece coisa de preguiçoso – um desperdício de tempo e de sol, que quase nos faz sentir culpados.
Hoje dividimo-nos em dois grupos, para conseguirmos chegar a mais lugares. Às 6h15, eu, o João, a Inês P. e a Teresa A. saímos para a paróquia de Nossa Senhora da Paz; enquanto isso, o Ricardo, a Ana e a Teresa V. tiveram direito a mais um tempinho de cama (preguiçosos!) e saíram às 8 horas para o Centro Paroquial de São Paulo.
À tarde, os papéis inverteram-se: o primeiro grupo foi conhecer o Centro de São Paulo, enquanto o segundo foi para Nossa Senhora da Paz.
Como só são passíveis de ser partilhadas as experiências que vivemos, hoje partilho com mais pormenor a perspetiva do grupo em que me inseri, tendo porém a certeza de que o dia foi muito enriquecedor para ambos.
Hoje foi, pelo menos para mim, o dia que mais mexeu cá dentro desde que chegamos. Foi o dia em que a realidade mais chocou, pelo simples facto de ser real. Depois da tarde de ontem, passada a ver a Luanda nova, esplendorosa, pudemos testemunhar a “outra” Luanda, aquela por onde os olhos passam e não param, por nos pôr demasiado em causa.
Mas começando pela manhã: tudo correu muito bem. Tal como nos outros dias, conhecemos crianças adoráveis de tão curiosas, sedentas de saber mais, de conhecer outras realidades.
Na paróquia de Nossa Senhora da Paz, depois da missa, a igreja transforma-se em salão de catequese. Na falta de espaços para tantas atividades, os espaços existentes são aproveitados ao máximo.
Juntamo-nos àquelas crianças num misto de catequese e aula sobre a cultura, o clima e as tradições portuguesas. À medida que o tempo passava, o grupo ia-se revezando: às crianças que no início nos rodeavam iam-se juntando outras, curiosas com o que se estava ali a passar e com a presença daqueles estranhos de pele clara. Outras saíam do grupo para se juntarem aos seus catequistas, à medida que eles iam chegando.

 
Bombardearam-nos de perguntas: “que é Jesus?”, “porque é que os Católicos dão tanta importância ao terço?”, “em Portugal há estações de comboio?”, “Há angolanos em Portugal?”.
A conversa foi-se construindo a partir das suas dúvidas, e resultou numa grande partilha de experiências.
Ainda nesta paróquia, tivemos a oportunidade de conhecer o Álvaro, um jovem muito dinâmico e dedicado aos projetos da sua paróquia. “Braço direito” do pároco e coordenador paroquial da juventude, tem o sonho de ver o Estádio do Dragão e de visitar Fátima em 2017, no centenário das aparições.
Depois de uma longa conversa com o Álvaro e de uma visita às (escassas) instalações da paróquia, depois de recebermos lindos desenhos oferecidos pelas crianças e de uma dúzia de fotografias tiradas, voltamos para almoçar com o restante grupo.
À tarde, procedemos às trocas: o meu grupo seguiu para o Centro de São Paulo, enquanto os outros seguiram para Nossa Senhora da Paz, não sem antes o chef Ricardo fazer um belo bolo para comemorar o aniversário da fundadora da nossa congregação, Maria Emilia Riquelme y Zayas. E com que belo aspeto ficou! Estamos todos ansiosos que chegue a festa de amanhã.
Apanhamos táxis para os nossos destinos.
Andar de carro em Luanda é um autêntico ato de fé. Particularmente quando falamos dos HIACE, umas carrinhas azuis bem amolgadas e degradadas a que alguns gostam de chamar “táxis”. Entram todos os que conseguirem caber nos bancos, ainda que os passageiros tenham que levar com a anca do passageiro do lado bem colada a si a viagem inteira.
Durante o caminho, o melhor é distrairmo-nos com a paisagem ou fecharmos os olhos, porque a estrada não é boa de se ver. Vale tudo: ultrapassar pela direita, pelo meio, pela berma direita, pela berma esquerda. Andar em contra-mão, se o caminho for mais curto. Atravessar na passadeira, ainda que estejamos em cima de uma mota. Entrar sem olhar numa rua principal, ainda que tenhamos um STOP bem visível à nossa frente. Não dá para descrever muito bem: só visto.
Mas há sempre uma mão ao nosso lado para agarrarmos, sempre que há uma travagem brusca. Valemo-nos uns aos outros, e felicitamo-nos mutuamente por termos conseguido sobreviver a mais uma viagem.
Findo o percurso, chegamos à Terra do Nunca: a terra que Nunca devia existir. À nossa frente, estava a Angola de que sempre ouvimos falar mas nunca imaginamos ver com os nossos próprios olhos.<
A linha do esgoto escavava buracos nas estradas de terra batida, pisadas por crianças de pés descalços. Da cabeça aos pés, estavam cobertas do pó das estradas. Tinham os olhares resignados. Alguns olhavam-nos espantados, enquanto outros saltavam por cima do esgoto como se de um pequeno riacho se tratasse. Levavam os irmãos pela mão e andavam em volta das banquinhas onde os pais vendiam roupa, fruta, puxos de cabelo, comida que parecia agradar muito às moscas que por ali andavam.
O lixo era presença permanente em todas as ruas por onde passávamos. O “limiar da pobreza”, esse conceito vago que vem nos livros de sociologia, estava ali, em frente aos nossos olhos. Vimos crianças a trepar pelos jipes que contrastavam com a sua própria vida. Vimos outras a brincar numa lixeira monumental, colada às barracas que lhes servem de casas.
Acho que o facto de já encararmos este povo como um povo irmão aumentou o nó no estômago ao percorrer aquelas ruas. Apesar de convivermos com a pobreza todos os dias, habituamo-nos ao espírito alegre das pessoas, ao sorriso sempre encaixado no rosto.
Ali, os sorrisos estavam como que adormecidos. Mal abríamos o sorriso a uma criança, o seu rosto transformava-se. Era certo que, enquanto nos visse, ia sorrir sempre e acenar sempre, à espera que respondêssemos ao aceno.
E percebemos que era tudo o que tínhamos para lhes dar. Além de sorrisos, estávamos de bolsos vazios.
Visitamos o grupo de catequese do Centro de S. Paulo, constituído por gente de todas as idades. Partilhamos experiências, cantamos, enriquecemo-nos mutuamente.
Pelo caminho para casa, viemos em silêncio, a perguntar-nos por que raio é que a nossa noção de “indispensável” tem de ser tão diferente da deles.
A ausência de energia em casa aumentou as questões: como havemos de sobreviver sem luz, sem filtro para a água, sem bomba de água para tomarmos banho e lavarmos a cara?
O espírito de “desenrascanço” prevaleceu, e montamos um banho público no pátio. Enchemos bacias com água do poço, e procedemos à lavagem de cabelo das meninas. Claro está que mal a Inês P. acabou de higienizar o cabelo a luz voltou, mas as outras decidiram passar pelo mesmo processo por solidariedade.
De cabelo lavadinho, completamos o banho no chuveiro e juntamo-nos à mesa, a celebrar a nossa vida privilegiada e a oportunidade de nos darmos conta dela.

PS: Hoje nasceu uma nova Vida. E vou-me aproveitar do facto de hoje o blogue estar a meu cargo para agradecer por ela. Um grande beijinho ao meu novo primo Rodrigo, à grande Tia Gi e a toda a família! Encham-no de beijos por mim! :)
PS2: desculpem o testamento, é mais forte que eu.

Mais um dia ;)

Hoje o dia começou novamente cedo!
Mal o dia clareou, por volta das 6h20 saímos de casa rumo ao Centro Paroquial Espírito Santo.
O atraso que demos relativamente à hora prevista para a saída já não nos permitiu chegar a tempo do início da Eucaristia.

A igreja estava anormalmente cheia para um dia de semana. Havia pessoas a transbordar pelas várias portas da igreja e um amontoado de malas e trouxas estava à entrada do recinto.
Foi este o primeiro sinal que nos recordou que hoje é dia de partida para milhares e milhares de pessoas que dos vários pontos de Angola e do mundo vão participar este fim-de-semana na peregrinação anual ao santuário de Muxima.
Muxima é o santuário mariano mais importante da Angola, uma espécie de Fátima angolana, mas num recinto bastante mais pequeno e com muito mais gente.
Estava inicialmente programada uma visita nossa a Muxima nesta data, mas de forma a evitar a confusão do aglomerado de gente, esta foi adiada para a próxima semana, ainda aguardando confirmação de disponibilidade dos nossos "guias turísticos" do MEL Angola.

Ainda não tinha acabado a Eucaristia e já chegavam de todos os lados as crianças para a escola do centro paroquial.
De repente, como o tocar da campainha, todas as crianças se enfileiraram por turmas (duas de cada ano do 1º ao 3ºano; os alunos do 4º ao 6º vêm no turno da tarde) e à voz da professora coordenadora, em uníssono,  saudaram-na, saudaram-nos, cantaram o Hino Nacional e relembraram uma cantilena com as regras de bom comportamento na escola, em casa e na sociedade.

"Na escola, criança educada - sociedade feliz
Em casa, criança educada - ambiente feliz!
Na rua, criança educada - sociedade feliz!

Na mesa, criança educada - ambiente feliz!"


Turma a turma, comboinho a comboinho começaram a entrar ordeiramente nas respetivas salas.
Entretanto passamos na sala dos professores, que estavam já de saída para se juntarem aos alunos nas salas, e saudámo-los, fazendo também uma breve apresentação nossa.

Entretanto mata-bichamos qualquer coisa e eis que nos surgiu o convite para dinamizarmos uma atividade com todas as crianças, durante uma hora.
E assim foi, do improviso nasceram músicas e brincadeiras para abordar a importância da higiene no dia-a-dia de cada criança, assim como a importância de cada profissão na construção de uma sociedade melhor.
No final, aconteceu  mais um momento de brincadeira e convívio com as crianças.

É engraçado como ficam admiradas com a nossa cor de pele branca, pegando nas nossas mãos e observando cada pormenor atentamente, cheirando e até beijando...
Antes de irmos embora, todos queriam um abraço ou um beijinho e manifestavam com um sorriso o prazer de terem estado connosco, aos quais tentamos retribuir com igual sentimento e expressão.

Voltamos a casa para almoçar e saímos logo de seguida para um passeio turístico à baixa de Luanda (zona nova) com o pessoal do MEL Angola que nos veio apanhar.
São imensas as casas (em condomínios fechados) e edifícios novos já construídos e outros ainda em construção naquela zona de Luanda. Há uma cidade nova a nascer ali. Fizemos uma paragem no BelasShopping, um centro comercial novo idêntico aos nossos de Portugal e aí lanchamos todos e convivemos durante um bom bom bocado.

Quando saímos já era noite, mas ainda deu tempo para irmos de carro até à ilha de Luanda ver as vistas de Luanda à noite.
O trânsito e as obras são uma constante nestas ruas, sempre acompanhadas de lonas publicitárias das empresas de construção civil cujos nomes nos são bastante familiares.

Por fim, regressamos a casa e jantamos.
Depois foi "xixi e caminha" porque amanhã o dia começará mais uma vez bem cedinho!

Um abraço de nós todos para todos os que lêem e acompanham esta nossa Missão ;)


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Abraços Grátis!


Hoje o dia começou novamente cedo! Saímos de casa por volta das 6h00 para celebrar a eucaristia com a comunidade do Centro Paroquial de São Pedro Apóstolo, sempre surpreendidos pelas vivas músicas e acolhidos com todo o carinho pela comunidade. Apertos de mão, “bom dia irmão” e sorrisos, são já para nós marcas deste povo! 


Como é característico de Angola, os Centros Paroquias incluem um centro de catequese e escola até à 6ª classe. Somos sempre surpreendidos pela organização e colaboração que existe entre todos e pelo acolhimento sem juízos de valor ou julgamentos entre si. Fazem sacrifícios e contornam as regras para conseguirem o melhor para todos, sem contudo prejudicar ninguém. E mesmo parecendo não ter nada, conseguem sempre fazer muito!


Tivemos o privilégio de uma visita guiada pelo centro através do nosso amigo Adilson do grupo MEL de Angola, que mostrando-se extremamente disponível levou-nos a conhecer cada uma das turmas. Ao entrarmos nas salas de aula todos os alunos se levantavam e éramos saudados com um “Bom dia senhores visitantes. Peço permissão para sentar!”. Após “consentirmos” (que até me sentia mal, em ter de lhes dar permissão) diziam-nos obrigada e presenteavam-nos com músicas variadas agradecendo a nossa visita ao seu povo. Deles levamos sem dúvida a humildade e uma grande simplicidade. 


Terminadas as aulas tivemos a enorme satisfação de estar com as crianças no recreio. Ensinaram-nos o “seu kuduro”, e arrebataram-nos literalmente com uma quantidade imensa de mimos, abraços, beijos e lembranças. Questionaram-nos acerca do nosso país e à despedida perguntaram-nos quando seria a nossa próxima visita, que mutuamente esperamos que seja para breve… (ainda para mais porque ficamos sem bateria na máquina fotográfica!!)

Ao final da tarde fizemos uma oração comunitária cá em casa, que foi muito bem preparada pelos nossos irmãos do MEL de Angola. Lembraram-nos da importância de sermos presença na vida do outro e de sermos corresponsáveis de todos os corações.

Como podem ver, não poderíamos estar mais próximos daquilo que é a verdadeira condição humana. Aqui dá-se valor à pessoa e criação de laços fraternos.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Notícias de Luanda – 5º dia


Como estavamos fartos de dias calmos e calminhos, hoje levantamo-nos cedo com’ó caneco para sair de casa às 6h10 a caminho da Eucaristia. Sim, porque aqui celebra-se às 6h30!!
A celebração é menos animada do que ao fim de semana e, apesar de a assembleia ser mais idosa, a alegria é uma constante! Tal como no domingo, fomos apresentados à comunidade e acolhidos com o calor e o “Bom dia, irmãos!” típicos de Angola. Esta receção ficou completa com o cumprimento pessoal de alguns irmãos que retratam bem a simpatia que por cá é modo de vida.
Depois da Eucaristia no Centro do Espírito Santo, visitamos as salas administrativas e de aulas que se situam à volta da igreja, guiados pela Ir. Judite.


Ao longo do caminho demos o “Bom dia!” a quem se cruzou connosco e recebemo-lo de volta sempre acompanhado de um sorriso.

Regressados a casa, mata-bichamos (em português de Angola significa que tomamos o pequeno almoço) e de seguida o grupo dividiu-se para desempenhar importantes tarefas: uns dormiram, outros tomaram banho, outros escreveram e este que vos escreve ficou a ver  (os que dormiam e escreviam, SÓ!).

Como as irmãs estão a trabalhar até às 14h, tratamos nós do almoço.
A chef Pintalhão apoderou-se da cozinha e caprichou na preparação de um peixinho com arrozinho e saladinha. Estava bom e já acabou…
Terminado o repasto, na falta de uma máquina, a homónima Rocha voluntariou-se para a dantesca tarefa de higienização dos numerosos utensílios de cozinha amplamente utilizados pela supracitada chef. Tal tarefa contou com a minha (ajudante João, abaixo assinado) colaboração que se concretizou na retirada da espuminha da louça; a ajudante Ana assegurou a eficaz secagem da mesma. A Inês Pintalhão, já desprovida do título de chef, garantiu a reportagem fotográfica do evento e a Teresa Ascensão forneceu o sempre necessário apoio moral, não deixando o ânimo esmorecer.
Enquanto esta tarefa terminava, a Inês Pintalhão, o Ricardo e a Teresa acompanharam a Ir. Judite ao mercado.

Por volta das 17h começou a nossa partilha com o grupo MEL de Angola. Hoje abordamos o tema “Maria Emília e Maria” e, mais uma vez, descobrimos afinidades e um sentir comum que encurtam os milhares de quilómetros de distância que não só não nos separam como agora nos unem.
No fim deste já habitual momento de crescimento comum, partilhamos um pequeno lanche com os nossos irmãos de Luanda.
Para terminar a tarde, sentamo-nos com a nossa irmã Nária - do grupo MEL de Luanda – e colocamos-lhe várias perguntas. Com as respostas ela ajudou-nos a conhecer o meio cultural e social em que vamos fazer as nossas formações e possibilitou afinar alguns pormenores na abordagem dos temas.


Seguiu-se um ótimo jantar preparado pelas nossas Irmãs, com a alegria de uma mesa cheia! A comida estava excelente, como comprovamos pelos vários momentos de silêncio…
A tarefa de lavagem da louça afigurou-se desta vez mais normal e foi assegurada pelo Ricardo e Teresa Valente.
Para finalizar o dia, depois de uns momentos de conversa, uns foram dormir, outros tomar banho e este vosso escriba sentou-se em frente deste computador a relatar-vos o dia.

O texto está enorme, mas isso é reflexo da alegria e do entusiasmo do grupo!
Até breve!