Como sou uma pessoa que vai
direta ao assunto, depois desta introdução totalmente enquadrada no tema, passo
a explicar o porquê deste blogue, criado pela Ana Ascensão, uma missionária
cheia de sensibilidade artística e informática.
No dia 28 de julho deste ano,
vamos para Angola. E o sujeito desta frase é um “nós” que engloba sete pessoas:
Ana Ascensão, Teresa Ascensão, Ricardo Ascensão (e agora devem estar a pensar:
que monotonia!), Teresa Valente, Inês Pintalhão, João Luís Soares e Inês Rocha
(escrevi o meu nome em último para dar um ar modesto à coisa, mas também por
acreditar intimamente que os últimos são os primeiros).
Um “nós” que engloba muita gente
Mas este “nós” que só se
concretizou em sete bilhetes de avião é na verdade um “nós” muito maior, cheio
de gente que tenta fazer do seu dia-a-dia uma Missão. Fazemos parte do grupo
M.E.L. (Missionários Eucarísticos Leigos), que nasceu no seio da congregação
Missionárias do Santíssimo Sacramento e Maria Imaculada. Congregação essa que
está espalhada pelo mundo e cuja sede em Portugal é o Externato da Imaculada
Conceição, onde muitos de nós estudaram até à quarta classe.
Somos leigos, temos quotidianos
muito diferentes, dentro das mais diversas áreas (saúde, engenharia, comunicação,
música… e é isso), mas há uma coisa que nos une: a vontade de levar o
apaixonante Jesus Cristo, aquele que vamos conhecendo ao ler e aprofundar os
textos bíblicos, àqueles que nos rodeiam. Tentamos fazer isso da maneira mais
difícil: através dos nossos gestos, das atitudes, a maior parte das vezes sem
falar dele. A verdade é que raramente conseguimos resultados muito evidentes.
Mas vamos treinando a arte de sermos missionários no nosso dia-a-dia, na
faculdade ou no trabalho.
Na congregação que integramos,
respira-se o espírito missionário. Não há fronteiras para a mensagem que as
nossas “manas” querem transmitir. Sempre as vimos partir e chegar,
desinstalar-se constantemente das suas rotinas para ir para o outro canto do
mundo. Iam e voltavam de coração cheio, com muita experiência para transmitir,
e o “bichinho” da missão foi crescendo em nós como grupo.
Aprender a ser missionário
Não é que sejamos ingénuos ao
ponto de pensar que não há muito por fazer por cá. Talvez a decisão de ir
experimentar ser “pão partido” para o outro lado do mundo seja um pouco “ir
pelo caminho mais fácil”. A verdade é que quando partimos para longe,
construímos novas rotinas e dedicamo-nos inteiramente àquilo que nos fez
partir. Talvez vamos para lá para aprendermos a ser missionários, para depois
enfrentarmos o grande desafio: sermos missionários “cá dentro”, com aqueles
cujas necessidades não são tão óbvias.
Decidimos então embarcar nesta
viagem que, esperamos, há-de ser útil não só à nossa vivência missionária mas
também há-de rasgar sorrisos em quem não está habituado a sorrir. Levamos
pouco, só aquilo que cabe na mala, mas levamos o coração muito carregado de
vontade de nos darmos. Levamos o nosso conhecimento para transmitir a quem não
tem tantas possibilidades de acesso a formação (e informação), levamos a nossa
experiência de fé para transmitir a quem a quiser acolher.
Somos os primeiros sete do grupo
a ir, mas queremos abrir portas a uma missão mais estruturada, depois de
percebermos as necessidades das pessoas com quem contactarmos. Queremos que as
falhas desta missão sejam as aprendizagens da próxima, para sucessivamente
irmos construindo um projeto missionário forte e eficaz.
Nesta primeira fase, vamos ajudar
as “manas” da casa que a congregação tem em Luanda naquilo que for preciso,
para percebermos qual será o nosso papel em Angola nos próximos anos.
Qual o papel deste blogue no meio disto tudo?
Acreditamos que a partilha é um
modo eficaz de chegarmos mais longe, de conseguirmos resultados que, sozinhos,
nunca conseguiríamos atingir. Baseamos a nossa vivência, enquanto grupo, na
partilha de experiências, seguindo o exemplo do Mestre que disse para fazermos “isto”
em memória dele. “Isto”, o partir do pão que nos torna o verdadeiro Corpo de
Cristo, é o que nos move, a nossa Missão.
Por isso, queremos partilhar
convosco (sendo o “vós” quem se quiser dar ao trabalho de visitar este espaço
durante os próximos tempos), os passos que dermos para preparar esta missão e as
próprias experiências vividas em Angola, na medida do possível (e da existência
de Internet).
Para já, demos início aos
preparativos com uma manhã passada no Consulado de Angola atrás do tão desejado
visto. Seguem-se as vacinas, a planificação cuidada da missão, decisões sobre o
que levar, construção de materiais para deixar lá, etc, etc.
Depois deste texto de dois metros
e meio (não há como explicar tudo isto em menos palavas), aguardem mais
novidades sobre esta aventura!
PS: Obrigada à Carolina Peres por
ter criado a bela imagem da nossa missão, que tão bem fica no fundo deste
blogue!