quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Notícias de Luanda – 5º dia


Como estavamos fartos de dias calmos e calminhos, hoje levantamo-nos cedo com’ó caneco para sair de casa às 6h10 a caminho da Eucaristia. Sim, porque aqui celebra-se às 6h30!!
A celebração é menos animada do que ao fim de semana e, apesar de a assembleia ser mais idosa, a alegria é uma constante! Tal como no domingo, fomos apresentados à comunidade e acolhidos com o calor e o “Bom dia, irmãos!” típicos de Angola. Esta receção ficou completa com o cumprimento pessoal de alguns irmãos que retratam bem a simpatia que por cá é modo de vida.
Depois da Eucaristia no Centro do Espírito Santo, visitamos as salas administrativas e de aulas que se situam à volta da igreja, guiados pela Ir. Judite.


Ao longo do caminho demos o “Bom dia!” a quem se cruzou connosco e recebemo-lo de volta sempre acompanhado de um sorriso.

Regressados a casa, mata-bichamos (em português de Angola significa que tomamos o pequeno almoço) e de seguida o grupo dividiu-se para desempenhar importantes tarefas: uns dormiram, outros tomaram banho, outros escreveram e este que vos escreve ficou a ver  (os que dormiam e escreviam, SÓ!).

Como as irmãs estão a trabalhar até às 14h, tratamos nós do almoço.
A chef Pintalhão apoderou-se da cozinha e caprichou na preparação de um peixinho com arrozinho e saladinha. Estava bom e já acabou…
Terminado o repasto, na falta de uma máquina, a homónima Rocha voluntariou-se para a dantesca tarefa de higienização dos numerosos utensílios de cozinha amplamente utilizados pela supracitada chef. Tal tarefa contou com a minha (ajudante João, abaixo assinado) colaboração que se concretizou na retirada da espuminha da louça; a ajudante Ana assegurou a eficaz secagem da mesma. A Inês Pintalhão, já desprovida do título de chef, garantiu a reportagem fotográfica do evento e a Teresa Ascensão forneceu o sempre necessário apoio moral, não deixando o ânimo esmorecer.
Enquanto esta tarefa terminava, a Inês Pintalhão, o Ricardo e a Teresa acompanharam a Ir. Judite ao mercado.

Por volta das 17h começou a nossa partilha com o grupo MEL de Angola. Hoje abordamos o tema “Maria Emília e Maria” e, mais uma vez, descobrimos afinidades e um sentir comum que encurtam os milhares de quilómetros de distância que não só não nos separam como agora nos unem.
No fim deste já habitual momento de crescimento comum, partilhamos um pequeno lanche com os nossos irmãos de Luanda.
Para terminar a tarde, sentamo-nos com a nossa irmã Nária - do grupo MEL de Luanda – e colocamos-lhe várias perguntas. Com as respostas ela ajudou-nos a conhecer o meio cultural e social em que vamos fazer as nossas formações e possibilitou afinar alguns pormenores na abordagem dos temas.


Seguiu-se um ótimo jantar preparado pelas nossas Irmãs, com a alegria de uma mesa cheia! A comida estava excelente, como comprovamos pelos vários momentos de silêncio…
A tarefa de lavagem da louça afigurou-se desta vez mais normal e foi assegurada pelo Ricardo e Teresa Valente.
Para finalizar o dia, depois de uns momentos de conversa, uns foram dormir, outros tomar banho e este vosso escriba sentou-se em frente deste computador a relatar-vos o dia.

O texto está enorme, mas isso é reflexo da alegria e do entusiasmo do grupo!
Até breve!
Hoje tivemos mais um dia calminho... O pequeno-almoço foi por volta das 10h. Como as irmãs que estão em casa neste momento têm os seus trabalhos em diferentes locais, saem de casa mais cedo e por isso não chegamos a estar com elas pela manhã.
Por volta das 11h fizemos um pequeno momento de oração, com base no livrinho da Missão Angola que a nossa mana Isabel nos preparou... o P. Ademar acompanhou-nos e a partilha entre todos foi muito boa... falamos da importância de separar o trigo do joio que existe dentro de nós próprios (precisamos de arrancar as ervas daninhas, para que a "nossa terra" fique limpa e deixe as sementes boas germinarem).
Como a casa e o almoço ficaram por nossa conta, o resto da manhã foi dedicada às limpezas e depois a preparar o almoço.
Por volta das 12h30 passam aqui na rua as crianças vindas da escola a caminho das suas casas e hoje houve lugar para uma "aula de português" que o P. Ademar deu aqui à porta de casa. Os sorrisos destas crianças são encantadores! =)

Após o almoço, houve quem se dedicasse à preparação de alguns trabalhos e houve lugar para uma partidinha de Trivial com o P. Ademar. E por volta das 16h30 começaram a chegar os nossos manos do MEL Angola (alguns vindos já do seu trabalho, outros ainda vão depois da nossa reunião para outros trabalhos ou tarefas pessoais/ familiares). Hoje o tema do nosso encontro foi "Maria Emília e a Missão Ad Gentes".
Juntos percebemos que a Missão Ad Gentes não é apenas a missão além fronteiras do nosso país, é, acima de tudo, uma missão além de nós mesmos e junto dos que mais necessitam... afinal, foi esse mesmo exemplo que nos deu Maria Emília.
Estes encontros com os nossos manos MEL têm sido muito bons, pela partilha de ideias, de experiências, de sentimentos e de sonhos. A cada dia vamos nos conhecendo um pouco melhor... e hoje até aprendemos um cântico em Umbundu.
Finalmente, às 19h00 pudemos celebrar a Eucaristia aqui em casa e depois jantamos!

Estes primeiros dias têm sido mais calmos do que o que estávamos a contar, mas é também uma forma de nos ambientarmos e prepararmos energias para os dias que se seguirão.

Como vêem está a ser uma experiência muito muito boa e amanhã há mais!

Abraços fraternos cheios do calor e da alegria de Angola!

P.S. Como podem ver na foto, hoje eu andei pela 1ª vez com um pano (da Ir. Alice) que além de dar uma saia muito bonita e tipicamente angolana, é também uma forma de protecção dos mosquitos.





terça-feira, 31 de julho de 2012

Há 12 horas atrás queríamos ter dito...mas não tínhamos net!

Hoje o dia foi calmo, pudemos dormir mais um bocadinho de manhã e aproveitamo-la para trabalhar nas atividades que vamos ter nos próximos dias.

De tarde foi muito bom, recebemos os nossos irmãos do MEL Angola com quem partilhamos e conversamos acerca do carisma educativo da nossa congregação, daquilo que é feito em Portugal, do que é feito em Angola e do que pode ser feito para melhorar em ambos os locais. Conseguimos perceber alguns dos pontos que podem ser partilhados entre as duas comunidades/grupos e de que forma nos podemos enriquecer mutuamente. As diferenças detetadas logo no início tornaram-se assim fonte de aprendizagem e descoberta de semelhanças!
Começamos a sentir-nos mais em casa, talvez mais rápido do que estavamos à espera.
Os mosquitos perseguem-nooooss, mas o Ricardo arranjou um novo brinquedo ELÉTRICO!!!!!!(ZZZZ) (como podem ver na imagem em baixo).
Para além disso, temos uma visita cá em casa, o Padre Ademar, irmão camiliano do Brasil , que veio a Angola em trabalhos da Pastoral da Criança, que vai ficar cá até dia 3. Aliás, a nossa casa está sempre cheia de gente, a entrar e a sair, a almoçar e a jantar!
Hoje a Ana, apesar de ter sido a última a levantar, presenteou-nos com um bilhetinho fofinho na nossa almofada!!
 Por isto tudo, estamos muito bem!! :)
Deixamos beijinhos para todos!



P.S.: Este texto foi submetido a censura!! Queria revelar a realidade que estamos a viver, mas não querem assustar a família e os amigos!!
P.S.S. ESTOU A BRINCAR! Ahahah!! Podem comprovar pelas fotografias :)


segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Bom dia, irmão!"

Hoje o dia começou cedo, pois tínhamos a celebração da Eucaristia na Paróquia de Nossa Senhora da Paz, onde as irmãs estão envolvidas nas actividades. E ao escrever celebração, falamos mesmo de uma verdadeira FESTA em que o tempo voou, apesar das 2h30 de duração. A alegria, a dança, a música e a partilha foram constantes!Que bom celebrarmos uma verdadeira festa da vida, de mil corações agradecidos. 

Fomos muitíssimo bem recebidos por toda a comunidade... imaginem uma assembleia de centenas de pessoas a acolher-nos com um "bom dia, irmão!" em uníssono. Deu pele de galinha como podem imaginar! (por falar em galinhas, assistimos a um "rico" ofertório que incluía latas de refrigerantes, vassouras, fruta, galinhas e muita, muita dança!) 

Toda esta festa deu ainda direito a um convite para almoçar na comunidade, onde tivemos oportunidade de provar o típico funje. Primeiro estranha-se, depois entranha-se!... A igreja tornou-se numa verdadeira casa, recheada de mesas para os irmãos conviverem! 

Pela tarde, tivemos o privilégio de fazer a abertura de um festival da canção da Paróquia de São Pedro Apóstolo. Na tentativa de corresponder às expectativas de um público muito efusivo, decidimos fazer um pré ensaio que rapidamente se transformou num ensaio comunitário. Miúdos e graúdos juntaram-se a nós com muita vontade de participar e aprender as nossas canções! Escusado será dizer que aprenderam tão rápido que os convidamos a subir connosco ao palco. O que temiamos que fosse um fiasco transformou-se num momento único! 

"Todos temos um lugar. Todos temos um lugar, que não podemos deixar", dizia-nos o cântico de entrada. E vamos continuando a descobrir o nosso lugar, aqui, aí... nos desafios da vida uns com uns outros!





domingo, 29 de julho de 2012


Chegamos a casa. "Inteiros", está a dizer o João.
Tal como esperado, tínhamos braços abertos à nossa espera. Descarregamos malas, acomodamo-nos, partilhamo-nos no nosso português cheio de sotaques diferentes (sem esquecer o portunhol, claro).
Às dezenas de pessoas que pediram que fizéssemos chegar beijinhos e abraços à irmã Alice, estão entregues. Está como sempre: cheia de energia, sorridente, empenhada em fazer-nos sentir em casa.
Houve Natal cá em casa com a quantidade de presentes que trouxemos para a comunidade de Luanda. Ficaram todas muito contentes com os miminhos que trouxemos de Portugal.
A viagem foi incrivelmente tranquila, tendo em conta que eu era uma das viajantes. A regra "sempre que a Inês viaja há uma confusão qualquer do arco da velha" não se aplicou, felizmente.
A Inês e a Ana são vitoriosas a sobreviver ao voo de sete horas. Portaram-se muito bem!

Pais, mães, avós, tios e amigos: estamos de boa saúde e prontinhos para amanhã começarmos o dia bem cedo! As redes mosquiteiras estão a ser devidamente e meticulosamente colocadas, portanto não há razões para alarme. :)

sábado, 28 de julho de 2012

A Missão do Profeta

"Eles não toleram
que as ideologias se instalem, dividindo a Humanidade
em categorias dominantes e em grupos submissos,
em raças inferiores e em raças de senhores!

Eles não admitem
que as nações se mantenham na sua reserva,
vendo as outras nações mergulhar na barbárie.

Eles não suportam
que continentes inteiros definhem à fome e que
os outros se interroguem sobre os regimes mais eficazes para emagrecer...

Eles não aceitam
que a Igreja permaneça timidamente por detrás
dos grandes problemas do seu tempo, sem praticar gestos proféticos
que geram o futuro.

Então, eles não resistem!
Com todas as suas forças do corpo e do espírito,
Fazem bloco contra tudo o que avilta o ser humano
e o destrói na sua liberdade e o impede de se desenvolver
na sua fé ou na sua felicidade.

Eles não medem os seus sacrifícios.
Eles estão prontos a pagar o preço mesmo com a sua vida.
à imagem do Crucificado
cujo Espírito os inspira!"

(mais um textinho que a minha avó quis que partilhasse com o grupo... diz ela: "vois agora sois profetas, é essa a vossa missão")

LOUVOR

Deixo aqui uma pequena partilha que a minha avó quis fazer com o grupo que parte (é um daqueles textinhos que o pe. Angelo costuma colocar nas folhas dominicais):

"O bem que fazemos nascer,
a paz que construímos,
          promessa a promessa,
          entreajuda a entreajuda.
o amor que criamos
          cada dia mais forte,
          cada dia mais oferecido
          sem nada esperar de volta
a compaixão que nos comove
          e que nos envia
          reduzir o poder da miséria,
a alegria que nos arrebata
          diante da beleza revelada,
o coração que lentamente passa
          a bondade,
o espírito que lentamente se abre
          às realidades invisíveis,
a perseverança
          que se obstina em nós
          para lutar contra todo o mal,
a face da terra que lentamente
          se renova graças ao trabalho
          que o teu sopro santo
          nos inspira,
eis, Senhor,
o hino quotidiano
do louvor
que para Ti dirigimos
e que é
o reconhecimento
da tua acção em nós
e através de nós.